Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema do patriotismo na Amazônia entre 1835 e 1840

Cabanagem, cidadania e identidade revolucionária: o problema do patriotismo na Amazônia entre 1835 e 1840   

A Cabanagem foi uma revolução social que dizimou a população amazônica e abarcou um território muito amplo. Contrastando com este cenário amplo e internacional, foi, e ainda é, analisada como mais um movimento regional, típico do período regencial do Império do Brasil. No entanto, os “patriotas” cabanos, ao longo do movimento, criaram um sentimento comum de identidade entre povos de etnias e culturas diferentes, que
extrapolava estes ditames. Todo o processo é o objeto central deste artigo.

Palavras-chave: Cabanagem – Cidadania – Brasil Império

A revolução social dos cabanos que explodiu em Belém do Pará, em
1835, deixou mais de 30 mil mortos e uma população local que só voltou a
crescer significativamente em 1860. Este movimento matou mestiços, índios
e africanos pobres ou escravos, mas também dizimou boa parte da elite da
Amazônia. O principal alvo dos cabanos era os brancos, especialmente os portugueses mais abastados. A grandiosidade desta revolução extrapola o número e a diversidade das pessoas envolvidas. Ela também abarcou um território muito amplo. Nascida em Belém do Pará, a revolução cabana avançou pelos rios amazônicos e pelo mar Atlântico, atingindo os quatro cantos de uma ampla região. Chegou até as fronteiras do Brasil central e ainda se aproximou do litoral norte e nordeste. Gerou distúrbios internacionais na América caribenha, intensificando um importante tráfico de idéias e de pessoas.

Contrastando com este cenário amplo, a Cabanagem normalmente foi,
e ainda é, analisada como mais um movimento regional, típico do período
regencial do Império do Brasil. No entanto, os cabanos e suas lideranças vislumbravam outras perspectivas políticas e sociais. Eles se autodenominavam “patriotas”, mas ser patriota não era necessariamente sinônimo de ser brasileiro. Este sentimento fazia surgir no interior da Amazônia uma identidade comum entre povos de etnias e culturas diferentes. Indígenas, negros de origem africana e mestiços perceberam lutas e problemas em comum. Esta identidade se assentava no ódio ao mandonismo branco e português e na luta por direitos e liberdades. Todo o processo é o objeto central deste artigo. Ele começa esclarecendo alguns antigos olhares da
historiografia da Cabanagem sobre suas lideranças e as motivações cabanas para a luta. A segunda e a terceira parte analisam o papel das lideranças cabanas e a formação de identidades locais dentro do movimento de 1835.

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Créditos - Autora: Magda Ricci.


** Professora do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Pará.
E-mail: magdaricci@uol.com.br.

 

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