AJUSTANDO O SEU FOCO
apresentam e as portas se abrem sem a
necessidade de nelas bater.”
SILOÉ P. NEVES
Ser
um grande profissional. Com certeza, para que isso se torne realidade, é
necessária a concentração de energia e
esforços. E tenho convicção de que todo o seu investimento pessoal e
profissional direciona seu foco de atenção para esse objetivo.
Você estudou, se formou nunca se deixou de
aprimorar fazendo cursos de especialização e atualização. Procura sempre ler e
estar informado das últimas tendências do mercado. Você tem orgulho de seu
currículo acadêmico e sabe quanto ele tem sido importante em sua trajetória até
aqui.
De repente, começa a perceber algumas
lacunas e certa defasagem entre tudo o que aprendeu e algumas situações do
dia-a-dia no trabalho. Muitas ações que você executava facilmente já não se
adequam. Falta algo, e os recursos de sua bagagem, que é considerada
privilegiada por todos, não são mais suficientes para atingir o grau de profissionalismo
que tanto deseja e está sendo exigido para o cargo que ocupa na empresa.
É nesse momento que você consulta aquele
famoso manual que parece conter soluções mágicas para todos os problemas. E aí
percebe que não é bem assim, ele apresenta talvez algumas dicas, mas não traz a
resposta total. Sabe por quê? Porque é um manual de regras, ou seja, tem
caráter rígido e geral. A grande descoberta é saber que cada situação exige
flexibilidade para encontrar o melhor caminho. E isso requer, por sua vez, o
constante repensar e reavaliar de suas ações e de seu comportamento. O traço
diferenciador do novo profissional não é só o que ele faz, mas como faz.
Existe todo um percurso, um processo
gradativo, que cada um deve seguir segundo suas próprias características. É
como quando um trapezista dá um salto sem medo algum, pois sabe que lá em baixo
sua rede de sustentação é firme e irá ampará-lo porque foi feita a partir de
sua própria essência. Nós somos nosso próprio projeto, do qual brotam todas as
soluções para a transformação do mundo.
É com essa nova perspectiva que você vai
rever aquele fato no qual, além de sua análise racional, foi necessário usar a
intuição e houve insegurança de sua parte. Afinal, raramente ela foi utilizada
no mundo dos negócios. E com certeza a falta de treino fez com que, no momento
em que você precisou usá-la, ela parecesse inadequada.
A intuição é apenas um dos inúmeros exemplos
de como você necessita hoje, para ter o merecido sucesso profissional, de muito
mais que seu lado racional, objetivo e intelectual.
É aí que você nota que já não dá mais para
chegar ao trabalho e dizer “bom-dia” com voz triste e ficar cabisbaixo sem que
isso influencie o ambiente. Esses sinais, que antes passavam despercebidos,
hoje fazem parte da percepção da grande maioria. Quando não há sintonia entre o
que dizemos e o que demonstramos, não há credibilidade, e acabamos
comprometendo nosso profissionalismo.
Claro, sei que tudo isso é novo e que você
pode interpretar como certa invasão de privacidade. Antes você podia se dar ao
luxo de separar o pessoal do profissional, pelo menos na aparência. Deixava o
“pessoal” na portaria e entrava na empresa apenas com o “profissional”. Isso
significava trabalhar com eficiência, sem se preocupar se o ambiente estava
tenso, se você estava se relacionando de forma saudável com seus colegas e
clientes, se seu semblante condizia com suas palavras e ações.
Só que o jogo evoluiu, as regras mudaram e
nosso discurso e nossa ação precisam fazer parte de um quebra-cabeça em que
todas as peças se encaixem perfeitamente. É essa harmonia que confere novo
sentido ao profissionalismo. Nesse quadro, o papel de uma mudança
comportamental é muito importante.
Estar com seu foco interno ajustado, de
acordo com as tendências atuais, é agir em congruência com suas características
mais profundas, e não querer o profissionalismo apenas de modo exterior, sem
convicção do caminho que deseja seguir. O meu objetivo é acrescentar algo além
do conhecimento intelectual a sua reflexão.
O que o profissionalismo exige hoje é
consciência. A consciência é um processo interno que envolve ação, atitude e
responsabilidade na obtenção de bons resultados. Para ser esse novo
profissional não basta entusiasmar-se por novas idéias e projetos. É necessário
mobilizar-se, e essa mobilização vem do agir. Como nos diz Roberto Shinyashiki,
a frase “querer é poder” precisa ser substituída por “fazer é poder”.
Assim, vamos aprender a atuar com
congruência e assumir, dentro da medida do possível, quatro papéis importantes
desse novo profissional, segundo no diz Karl Albrecht ?.
Primeiro
o de ser uma espécie de visionário, ou seja, criar sentido ao tecer a visão, a
missão e a direção da empresa. Depois, ser um formador de equipe, indicando as
pessoas certas para os lugares certos e unindo-as numa causa comum.
Então coloque-se como uma espécie de símbolo
vivo, isto é, seja exemplo do que diz. O grande desafio hoje é realizar o que
se diz tanto nas situações simples quanto nas complexas. Isso é liderança. O
líder não precisa, necessariamente, ser carismático nem mobilizar multidões. O
mais importante é demonstrar congruência ligando o discurso à ação.
Essas modificações, principalmente as
tecnológicas, se impõe cada vez com maior intensidade, já que no mundo
contemporâneo tudo acontece em ritmo mais rápido. Estávamos acostumados a
mudanças no período de gerações, mas agora elas ocorrem em menos de um década,
em poucos anos ou até meses.
Nesse sentido, a evolução humana precisa
acompanhar o ritmo da evolução tecnológica. Normalmente, devido a uma cultura
“imediatista”, priorizamos o investimento na parte tecnológica, pois os
resultados são mais visíveis e aparecem em curto prazo. O novo profissional
precisa ser um todo, ter o foco ajustado em seu lado humano e saber que, nesse
aspecto, os resultados são gradativos. Imagine que muitas vezes você deve mudar
hábitos que traz há décadas. É preciso dar-se um tempo maior, respeitar seu
ritmo e ser perseverante. Precisamos saber que as pessoas só notam nossa
mudança comportamental quando praticamente já modificamos tudo o que era
necessário. Por isso, não desanime se seu cliente ainda não percebeu que você
mudou como pessoa. Cada um requer um tempo para si! Vá em frente, com perseverança
e tenha esse feedback como estímulo para continuar em sua trajetória.
A questão não é pensar para si, e sim pensar
certo. E isso implica o conhecimento da empresa, avaliar o que ela é, o que
pode produzir para o mercado e como chegar a um denominador comum entre este e
aquela. Para tanto, não basta apenas o conhecimento técnico, racional e
intelectual. É necessário um conjunto de crenças e valores para pensar e
transmitir nossos conhecimentos.
O novo profissional não nasce isolado do
contexto mais amplo que é a própria mudança da sociedade da era da informação.
O caminho em direção ao novo milênio pode reservar boas surpresas desde que
você se prepare para recebê-lo!
O bem-estar da humanidade como um todo e, em
contrapartida, a maior valorização do indivíduo parecem estar refletidos em
duas tendências atuais: a globalização, de um lado, e a apreciação das
particularidades culturais, de outro. Esses dois pólos aparentemente opostos
estão procurando harmonizar-se pela primeira vez na História da humanidade.
A ciência de modo geral vem buscando a
mudança de seus padrões referenciais para desfazer possíveis distorções criadas
pelos próprios homens, em passado recente quando construíram a sociedade
industrial.
Nesse sentido também emergência das sociedades de livre mercado e
a decadência dos sistemas centralizados parecem demonstrar a vitória do ser
humano sobre as relações de poder rígidas
e sobre a dependência.
Essa vitória parece indicar às pessoas que
as respostas de suas questões estão dentro delas mesmas. Passam a ser
responsáveis por tudo o que está a sua volta, já que interagem com um todo
integrado.
A valorização do aspecto humano parece
encontrar respaldo no interesse que vêm despertando as artes e tudo aquilo que
está relacionando ao espírito. O fim do século mostra um verdadeiro mergulho
dentro de nossa essência, um processo de redescoberta do ser humano.
É o momento certo para dar vazão ao nosso
lado criativo e empreendedor. Para tomar a iniciativa de gerar coisas inéditas
e ajustadas ao novo tempo. É hora de nutrir as necessidades autênticas da
sociedade contribuindo para o processo de construção de um mundo alinhado com
os valores que colocam a preocupação com a integridade do ser humano em
primeiro lugar.
Esses valores destacam a importância da
flexibilidade, da abertura da mente, da ousadia de propor o novo, da imaginação
produtiva, da visão da totalidade das oportunidades que se abrem a nossa
frente.
É por isso que nunca foi tão importante
buscar o autodesenvolvimento, o reconhecimento das principais necessidades e o
aprimoramento das qualidades a partir da essência.
Ao mesmo tempo que o indivíduo ganha
importância, o trabalho de equipe e a cooperação mútua também são valorizados,
já que há necessidade de as pessoas quebrarem certo isolamento em uma sociedade
em que realmente a união fará a força!
O diálogo se impõe como caminho da solução
dos problemas mais intrincados. Portanto, a boa comunicação é imprescindível
para nos fazermos entender e para construirmos uma sólida carreira, em que cada
palavra valerá realmente aquilo que quer dizer.
Precisamos nos dar conta do significado
espiritual da entrada do novo milênio. Ele possui a força de evocar nossas
visões mais positivas e poderosas desde que nos abramos para que isso venha.
Os avanços mais importantes do próximo
século não virão da tecnologia, mas da expansão de conceitos relacionados de
modo direto com nossa mente e nosso espírito. Com isso, a humanidade não está abandonando a ciência,
mas equilibrando-a e reafirmando seu valor de outra forma, mais completa. E
aqui cabe a cada um de nós fazer a sua parte, ser esse novo profissional que
inaugura o milênio tendo um compromisso com a vida!
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