A CONSTRUÇÃO DA NOVA TRILHA

 


“O homem é ele mesmo mais as suas circunstâncias”.

 

                                                      JASÉ ORTEGA Y GASSET 

 

 

   Ser um novo profissional exige coragem para realizar uma autoanálise e diagnosticar seu perfil atual. A verdadeira sintonia com os conceitos do novo milênio é demostrada quando temos humildade para manter de nosso aprendizado e atitudes apenas aquilo que ainda faz sentido e nos despojar do restante. É necessária a boa vontade para reaprender e aperfeiçoar alguns comportamentos.

 

   O novo profissional é o exemplo vivo da qualidade. Hoje fala-se muito nessa palavra, mas não no sentido tradicional de aquisição exterior de conhecimentos, normas e técnicas. O conceito de qualidade é algo bem mais complexo e diz respeito a características internas que são exteriorizadas e garantem a excelência de produtos e serviços. É como nos diz o analista de treinamento Mauro B. Fini: “Somente uma pessoa com qualidade  

 

pode passar qualidade. Não existem produtos com qualidade, mas sim produtos e serviços que ganharam qualidade porque foram feitos por pessoas com qualidade. Uma pessoa sem qualidade nunca produzirá nada com qualidade”.

 

   É isso aí! Ser um novo profissional é uma escolha, é a descoberta da qualidade que existe dentro de você e precisa ser colocada para fora. Qualidade, hoje, é um estilo de vida que vem garantindo a liderança de certas empresas e países no mercado mundial. É o caso, só para darmos um exemplo, do Japão, conhecido pelo seu alto nível de qualidade profissional, o que lhe tem valido reconhecimento e respeito mundiais.

  Bem, se essa qualidade está em uma pessoa, como saber? Ela pode ser reconhecida na maneira como um indivíduo se relaciona com os demais. Mauro Fini traz um exemplo bastante esclarecedor. Uma pessoa egoísta ou autoritária não tem e não pode passar qualidade. Isso vem dizer que o modo como você trata os outros indica sua qualidade: quanto melhor seu relacionamento, maior o grau de qualidade.

 

   Mas que tipo de relacionamento significa qualidade? É aquele em que há diálogo, e para haver diálogo ele precisa ser maduro de ambas as partes. Por isso uma pessoa centrada em si mesma não tem qualidade, já que não consegue manter um diálogo verdadeiro e enriquecedor.

 

   Desse modo, dois fatores imperam na conquista da qualidade: um ambiente favorável que contribua para o crescimento individual e, ao mesmo tempo, a capacidade do ser humano de se modificar e de alterar seu meio. É preciso uma atitude de cooperação para produzir resultados positivos e fazer com que seu relacionamento tenha alto grau de qualidade a reflita no exterior, ou seja, em sua profissão.

 

   Por isso, o relacionamento indicado é aquele em que a pessoa não depende de forma total do outro, mas tem consciência de que não pode fazer tudo sozinha. Ou seja, as pessoas devem buscar um relacionamento equilibrado, de interdependência, de colaboração. É o momento de grande maturidade, no qual buscamos o aperfeiçoamento de nossas ações agindo com iniciativa, mas também com a ajuda das pessoas que estão à nossa volta.

 

   Assim, fica claro que um comportamento interdependente gera qualidade, pois exige compromisso de todos com uma causa comum, com os objetivos propostos. Como bem afirma Mauro Fini, é necessário ser equipe, e não apenas estar nela, para conseguir qualidade. Para isso, motivação é a palavra-chave quando falamos de real envolvimento em busca desse novo profissional.

 

   A prática desse novo conceito de qualidade necessita de atitude, isto é, não ficar de braços cruzados esperando que seus pontos fortes e fracos venham até você, mas ir buscá-los com determinação no fundo de seu próprio ser.

 

   Será que você já parou para se perguntar se tem sido solidário, colocando seus pontos positivos em favor dos outros e de si mesmo? Ou tem deixado muito dessa riqueza adormecida dentro de você? Se a última pergunta for a sua resposta está na hora de mudar e ... rápido!

 

   Eu sei que você deve estar pensando: ela diz isso com tanta facilidade, mas como atingir esse tesouro e transforma-lo em qualidade? Fique tranquilo, pois para o que estou propondo há um caminho seguro.

 

   Toda mudança, bem como o processo de desaprender aquilo que não serve para nada e reaprender o que é útil, começa de dentro para fora, aprendendo-se que é ser proativo. Esse conceito, verdadeira revolução no universo das novas teorias sobre desempenho profissional, nos foi apresentado de forma clara por Stephen Covey.

 

 

   O hábito da proatividade tem se tornado cada vez mais comum na       administração, embora seja um termo tão novo que não se encontra nos dicionários. Esse palavra significa que somos responsáveis por nossa própria vida e que isso é mais do que simplesmente o ato de tomar iniciativas.

 

   Nosso comportamento não vem de fatores externos, mas está muito ligado às decisões que tomamos dentro de nós. Por isso conseguimos subordinar nossos sentimentos aos valores em uso. Mas é importante que isso não implique ir contra nossos anseios mais profundos, e sim um caminho de harmonia, de equilíbrio entre ambos.

 

   Aqui tomamos consciência de que somente quando a iniciativa e a responsabilidade andam juntas é que as coisas realmente acontecem. As pessoas proativas aceitam a responsabilidade facilmente, pois sabem que a essência de seu comportamento não está gravada em circunstâncias nem condições externas. O comportamento é resultado de uma escolha pessoal, fundamentada em valores próprios; enfim, é resultado da liberdade de escolha.

 

      Essa discussão é relevante porque está na hora de entender que não devemos permitir que fatores condicionantes externos dominem nossa mente e que, caso isso ocorra, não deve ser por omissão de nossa parte, mas por uma decisão consciente.

 

   Deixar que o meio nos afete de forma absoluta é ser apenas reativo, e não proativo. Quero dizer, é mudar de atitude conforme varia o ambiente. É também deixar-se levar pelo ambiente social, construindo sua vida emocional de acordo com o comportamento alheio.

 

   O proativo, pelo contrário, avança guiado por seus valores, mude o ambiente ou não. É claro que ele não é insensível às mudanças, mas não se pauta por elas! A pessoa proativa tem a capacidade de subordinar um impulso a um valor e não se submete passivamente a circunstância e estímulos externos. O proativo pensa, seleciona e interioriza seus valores. E essa é sua base de reação perante o mundo e de fazer escolhas que impliquem alta qualidade.

 

   Se você quiser atingir o reconhecimento de seu trabalho, comece por cumprir as promessas feitas a si mesmo. Quero dizer com isso que a vitória profissional é consequência natural das nossas muitas vitórias interiores, de nosso ser mais íntimo. Se você não puser sua casa em ordem, refiro-me aqui ao seu ser como um todo, com tudo no devido lugar, como poderá pôr em ordem a casa dos outros?

 

   Para cumprir um compromisso público é preciso antes cumprir um compromisso consigo mesmo. Essa abordagem do interno para o externo é baseada em um processo contínuo de renovação que tem seu fundamento maior nas leis naturais que governam o crescimento e o desenvolvimento humanos.

 

   A forma mais próxima de simbolizar esse processo é a da espiral. Uma espiral ascendente de amadurecimento, que conduz a níveis cada vez mais elevados de independência responsável e de interdependência positiva.

 

   É a partir da personalidade e do caráter que seremos avaliados pela sociedade, portanto é claro que cuidar de ambos é conhecer aquilo que nos move, nossos princípios mais escondidos. Só assim, trabalhando-os de forma proveitosa, poderemos aprimorar-nos internamente e nos voltar, mais fortes, para a eficácia profissional e interpessoal.

 

   Como observar o que significamos para os outros e poder aprimorar essa relação? Um modo muito bom é tomar consciência de que somos o que fazemos de forma repetida, isto é, o que somos está diretamente relacionado a nossos hábitos.

 

   A excelência está na seleção dos hábitos que condizem com nossos melhores princípios e com os requisitos do novo profissional de sucesso. Depois dessa seleção deve haver a lapidação dos hábitos que permaneceram, ou seja, levá-los ao máximo que podem nos dar para a melhoria de nossas vidas. É como um diamante. Se bem lapidado, seu brilho será visto de longe e jamais esquecido!

 

   Quanto mais esse caminho interior for percorrido, mais riquezas ocultas serão descobertas e mais fácil será o caminho exterior, aquele da nossa inserção social. Nesse momento você compreenderá que esse mundo de transformações tão rápidas que chegam a nos assustar pode tornar-se de repente de um mar de dificuldades em um rio de grandes oportunidades. Essa será sua hora de iluminação, de grande guinada rumo a uma nova vida, profissional e pessoal, de muito sucesso.

 

   Essa nova mentalidade não é algo que pertence apenas a um futuro longínquo, mas já está acontecendo diante de nossos olhos. Muitas empresas já compreendem que para sobreviver no próximo milênio devem centrar sua atenção no ser humano. E se delineia no horizonte um novo príncipe que já começa a reger a atual visão de profissionalismo: o de que é ser humano o criador de todas as riquezas da sociedade e o grande vencedor de todos os desafios com certeza você será um desses vencedores de que nós tanto precisamos!

 

   Não há limites maiores do que aqueles que nós mesmos nos impomos. Por isso, cuidado, pode ser você mesmo a causa de um possível estagnação. Sacuda a poeira, ou seja, trabalhe de forma diferente, comece a alterar hábitos, conceitos e comportamentos que não condizem mais com a realidade emergente. Com certeza você tem condições de ser seu próprio libertador.

 

Share this:

COMENTÁRIOS

0 Comentários: