O NOVO SIGNIFICADO DA COMPETÊNCIA
“As boas pessoas brilham com a
qualidade da iluminação.”
CONFÚCIO
Foi-se o tempo em que a palavra competência era apenas sinônimo de
Capacidade. As portas do terceiro milênio, empresas especializadas na
recolocação de profissionais no mercado de trabalho estão lidando com um novo
conceito de competência, muito mais amplo, que valoriza cada pessoa de acordo
com suas qualidades mais profundas.
O novo conceito diz que a competência e um
conjunto de características que já nascem com o indivíduo, mas não são
facilmente percebidas. E justamente essas qualidades precisam ser buscadas em
uma análise profunda de cada um, pois distinguem o novo profissional daquele
outro, mais tradicional, sem a percepção global de si mesmo. Não seria nem
preciso dizer que, nos dias de hoje, aquele que não conhece suas próprias
competências terá inúmeras dificuldades de colocar-se em um mercado de trabalho
cada vez mais exigente.
Vamos então
entender o que é nova competência e como ela pode nos ajudar a
conquistar nosso espaço na era da
informação. Podemos tomar como exemplo a imagem dada por Kenneth Martin, diretor
da consultoria norte-americana Hay Group.
Segundo Martin, o conceito de competência
pode ser entendido pela imagem de um iceberg. Por quê? Todos sabemos que o
iceberg é um imenso bloco de gelo, sendo que uma parte e visível, fica fora da
água, e a outra parte é invisível, pois está submersa na água.
Assim também acontece com a competência.
Acima do nível da água estão alguns aspectos visíveis, como as habilidades e os
conhecimentos, ou seja, aqueles que adquirimos na vida acadêmica e com a
experiência. Os aspectos mais profundos, porém, encontram-se imersos, precisam
ser buscados no ser de cada pessoa. São justamente esses aspectos que
identificam as características que diferenciam o desempenho das pessoas.
Mas o que seriam essas características
inatas que precisam vir a tona para seguirmos nosso caminho de sucesso? Bem,
vamos olhar cada uma delas e procurar dentro de nós o seu significado e como
podem nos ajudar. A primeira característica diz respeito aos papéis sociais.
Como será que você vem desenvolvendo esses papéis? Como você vive com o ser
humano, cidadão, profissional, filho, marido, mulher, amigo, amiga? Isso é
necessário para perceber sua atuação na sociedade, pois ela hoje é sinônimo de
competência.
Depois disso, outra característica muito
importante é seu autoconceito. Como você se vê no trabalho, como líder, como
membro de equipe? Essa percepção é útil para saber que tipo de trabalho, cargo
ou função seriam mais adequados para mostrar o que temos de melhor. Assim, o
autoconceito deve ser sempre o mais positivo possível, e para isso precisamos
investir em autoconhecimento. É a forma de saber quem somos e quais são nossos
pontos fortes e nossas fragilidades para poder crescer e usar tudo a favor de
nosso desenvolvimento.
Desse modo, e aí está a terceira
característica, temos que saber transmitir tudo isso às outras pessoas através
de nossos traços, que são expressos na nossa linguagem corporal e verbal e na
nossa postura e identidade.
Ser competente passa também pela necessidade
de ter motivos, a quarta característica, para viver e realizar as coisas, o que
pode ser traduzido por ter uma missão pessoal e profissional – o que você
deseja melhorar no mundo com o seu profissionalismo. Essa missão maior é o que
garante o fluir da energia em torno de nós para o desenvolvimento de todas as
áreas. São esses motivos que condicionam seu comportamento e suas decisões,
portanto cuide bem deles para que reflitam o que você tem de melhor!
Não podemos deixar de fazer referência
também a criatividade, ao seu grau de inovação e imaginação para resolver
problemas e encontrar soluções viáveis e novas para o crescimento da empresa e
o seu próprio.
Para que todas essas características que
descrevemos se realizem de forma plena é preciso não esquecer a ética em suas
ações. Procure analisar quais são seus valores, pois eles lhe dirão qual é sua
conduta pessoal e, em conseqüência disso, como influem em sua conduta
profissional.
Cada vez mais as empresas estão de olho nos
profissionais que têm consciência de suas características mais profundas.
Muitas delas já estão identificando essas qualidades em seus funcionários e
candidatos a vagas e vêm desenvolvendo atividades de treinamento para isso.
Usam também o novo conceito no planejamento para isso. Usam também o novo
conceito no planejamento das carreiras e como critério de eventuais promoções e
formas de remuneração. É por isso que o novo profissional precisa estar de
antenas ligadas a essa nova tendência e buscar dentro de si o caminho de seu
sucesso.
Para esse conceito de competência se torne
realidade é necessário um redirecionamento geral, principalmente no rumo das
alternativas holísticas, sistêmicas e interdependentes. Assim você estará
dirigindo sua prioridade para o autoconhecimento, o grande laboratório para
repensar e redescobrir a si mesmo.
O ponto fraco de qualquer reavaliação é
manter as descobertas fragmentadas, ou seja, todas as características novas
adquiridas precisam ser integradas em um todo coerente para formar seu novo
perfil profissional. De nada adianta fazer, por exemplo, um curso de expressão
corporal para transmitir melhor as informações ao cliente se isso não estiver
em sintonia com outras qualidades, como por exemplo a lógica e a clareza das ideias que serão expostas!
Existe grande número de profissionais que
têm um discurso plenamente atualizado com as tendências do novo milênio. Mas
uma coisa é falar, outra bem diferente é fazer. E aí está o problema! Enquanto
as palavras muitas vezes mostram um profissional dinâmico, seguro e criativo,
os atos continuam presos ao velho modelo, que tem seus dias contados.
Um caminho viável para o aprendizado, dessa
nova competência e coerência exigidas pelo mercado de trabalho é dado pela
psicologia universal, campo que tem estudado já há muito tempo e que
proporciona as condições ideais para essa busca de um novo profissional por ser
sistêmica, holística e inter-diciplinar.
A psicologia universal optou por enxergar o
ser humano com uma totalidade. Seu grande traço diferenciador é mostrar às
pessoas que elas não podem dar importância apenas ao seu lado intelectual, mas
devem aprender também com sua vivência, suas experiências. Devem tiras destas
últimas elementos que vão ajudá-la a se autoconhecer e preparar a mudança de
comportamento.
Essa área de estudos me fez compreender a
mensagem do milênio que está chegando. Possibilitou grande sucesso em minha
mudança pessoal e profissional. Percebi que a chave de tudo é o ser humano
entendido globalmente. Cada um de nós é seu próprio laboratório e precisa
vivenciar as experiências como lição de vida.
A área de psicologia universal trabalha com
inúmeros conhecimentos acerca do ser humano, sempre de forma integrada. Assim,
podemos citar as áreas psicológicas, de expressão corporal, de questões sociais
e espirituais. E a todas essas partes é dado um enfoque global. Elas são
atividas de forma sistêmica, articulada e simultânea.
Agora você deve estar perguntando: mas quais
são os meios que levam a essa visão tão ampla? Há inúmeras instrumentos
utilizados nesse processo. Vou citar alguns deles para exemplificar. O senso
comum e seus ensinamentos cotidianos, a técnica oriental do tai-chi-chuan, a
chamada programação neolinguística, a análise transacional, a meditação e a
leitura corporal. A reunião desses meios e a vivência de cada um deles na
prática possibilitam a ativação de todas as potencialidades do ser humano.
Vamos entender um pouco melhor alguns desse
meios? Primeiro, a questão do senso comum. Ele é o aprendizado do dia-a-dia,
que nos e passado pela experiência de vida das pessoas que nos cercam. É também
o resultado da nossa observação diária de fatos, ocorrências, atitudes. É a chamada “escola da vida”. Um exemplo que
todos têm na memória são os sábios conselhos das nossas mães e dos mais idosos,
fruto da intuição, que nos são dados nas mais diversas situações, das
corriqueiras às mais complexas.
E como será que a programação neolinguística pode nos ajudar nessa percepção holística de nós mesmos e do
mundo? Ela é formada por três palavras significativas. Programação é a habilidade
que temos de escolher e organizar nossas ideias e ações para produzir
resultados. Neuro indica que todo comportamento vem de processos neurológicos
(de nosso sistema nervoso) de visão, audição, olfato, tato, gustação. Nosso
pensamento se traduz em ações visíveis. Corpo e mente são inseparáveis. A linguística ajuda com o uso da linguagem verbal para pôr ordem em nossos
pensamentos e da não-verbal para coordenar nossa conduta.
A aprendizagem se dá através de um ciclo no
qual mapas cognitivos (mapas no sentido de como cada pessoa percebe o mundo
segundo sua história pessoal e fatores genéticos) e experiências de
comportamento se integram para formar um sistema de programas que produz as
habilidades desejadas.
Então acabamos de ver que a programação neolinguística tem como objetivo ativar em cada pessoa padrões, como
programas dentro do sistema nervoso central, que ajudam a pôr em prática suas
potencialidades.
A análise transacional também não é nenhum
bicho-de-sete-cabeças! Transação é um estímulo e uma resposta entre seres
humanos que se dão de acordo com seus estados psicológicos. Esse movimento de
ação e reação entre as pessoas representa a unidade básica da comunicação.
Portanto, a análise é um meio de você saber como está se comunicando e melhorar
isso em benefício próprio.
O bom profissional precisa também estar
equilibrado para que seus atos reflitam bom senso. É nesse sentido que o
taichi- chuan pode ser de grande ajuda. Tai: unidade. Chi: energia. Chuan:
movimento. Tai-chi quer dizer viga-mestra, eixo central em torno de qual a vida
acontece. Chuan é o que mantém a vida em equilíbrio. O tai-chi é a união do
corpo físico com o corpo energético.
Buscando a serenidade como forma de vida
longa e saudável, o tai-chi-chuan traz a perfeita harmonia entre os diversos
pontos energéticos do ser humano usando movimentos circulares do corpo. Ele
leva ao relaxamento físico e à serenidade mental, pois elimina tensões e
desperta o potencial do ser humano.
A meditação também ajuda o novo profissional
a tomar a decisão certa na hora certa, aprendendo a encontrar soluções para os
problemas dentro de si. Nós desenvolvemos em demasia o intelecto e temos uma
atitude extrovertida, voltada para o mundo de fora, esquecendo-nos do outro
lado da moeda, nosso interior.
É aqui
que a meditação entra, permitindo um olhar para dentro de si mesmo, plenamente
atento, em uma atitude de receptividade consciente. Meditar é o aprendizado
essencial do autoconhecimento através da viagem para dentro de si próprio. É um
estado além da mente, de consciência pura, sem conteúdo específico, que nos
ajuda a encontrar a postura natural que foi perdida. Enfim, é a vivência da
unidade.
A leitura corporal traz para o novo
profissional a linguagem do corpo, que representa mais da metade do processo de
comunicação. Se você aprender a dominar a linguagem de seu corpo poderá usá-la
em benefício de seu crescimento profissional e pessoal, passando às outras
pessoas exatamente os sentimentos e informações que desejar. Além disso, poderá
entender o que o outro quer dizer através da linguagem de seu corpo e se esta é
coerente com aquilo que ele diz. Não é uma experiência maravilhosa aprender a
deixar a energia de seu corpo fluir livremente, elevando seu espírito e se
comunicando plenamente?
Existem cursos com técnicas específicas que
ensinam a superar as tensões que impedem nosso corpo de se expressar
naturalmente e com precisão. São analisadas características físicas que mostram
quando há tensões e como elas influenciam nosso comportamento nas áreas
psicológicas, social e espiritual. Assim, podemos tomar consciência desse
problema e resolvê-lo integrando corpo e mente em uma unidade harmoniosa.
Em conclusão, podemos dizer que o objetivo
da psicologia universal não é apresentar um produto acabado, e sim ir se
formando na integração de diversas áreas, das quais demos alguns exemplos
significativos. É o próprio exercício do holismo.
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