Fortificações do Brasil.
A proposta da inscrição
na Lista do Patrimônio Mundial é apresentar um conjunto de fortificações, com
19 monumentos selecionados entre dezenas de fortificações luso-brasileiras que
marcam a ação no estabelecimento da cultura nacional, representativos das
construções defensivas implantadas no território brasileiro, nos pontos que
serviram para definir as fronteiras marítimas e fluviais que resultaram no
maior País da América Latina: o Brasil. A seleção inclui monumentos erguidos no
território desde o início da colonização. São os seguintes monumentos:
Fortaleza
de São José, em Macapá (AP) –
Inaugurado em 19 de março de 1782, dia do seu padroeiro, São José, o Forte é
hoje um espaço de cultura e lazer, administrado por uma fundação, o Museu
Fortaleza de São José de Macapá, concebida para gerenciar e planejar a sua
ocupação.
Forte
dos Reis Magos, em Natal (RN) -
Recebeu esse nome em função da data de início da sua construção, 6 de janeiro
de 1598, dia de Reis pelo calendário católico. Desde 2014, a gestão do edifício
foi transferida para o Iphan. Junto com a Igreja de Santo Antônio, a Catedral,
o Museu de Sobradinho e o Palácio do Governo, a fortificação integra um
conjunto urbanístico de grande expressão em termos artísticos e
histórico-culturais na cidade.
Forte
Coimbra, em Corumbá (MS) –
A partir de 1775, a Coroa Portuguesa ordenou que se construísse fortificações
militares em alguns pontos do rio Paraguai, e o Forte Coimbra foi o primeiro a
ser erguido. Também durante a Guerra do Paraguai (1864 a 1870), o Forte Coimbra
foi fundamental nas batalhas travadas ao longo dos tempos, tendo como pano de
fundo as paisagens tranquilas do Pantanal. Atualmente o Forte é administrado
pelo Exército, que decidiu pela visitação turística e tem como atrações a
visita à parte alta do Forte com vistas panorâmicas do rio Paraguai ao lado de
antigos canhões, o passeio à vila de moradores e a visita à gruta Buraco do
Suturno.
Forte de Príncipe da
Beira, em Costa Marques (RO) -
Considerada a maior edificação militar portuguesa construída fora da Europa no
Brasil Colonial, fruto da política pombalina de limites com a coroa espanhola
na América do Sul, definida pelos tratados firmados entre as duas coroas entre
1750 e 1777, foi inaugurado em 20 de agosto de 1783 com o intuito de consolidar
a ocupação na região disputada com os espanhóis. Atualmente o Forte é ocupado
pelas Forças Armadas, embora tenha ficado mais de 40 anos em estado de completo
abandono.
Forte
de Santa Catarina, em Cabedelo (PB) - Em alvenaria de pedra e cal, o
Forte foi concluído em 1597 sob a invocação de Santa Catarina de Alexandria,
padroeira da Capela do Forte, e em homenagem a Dona Catarina de Portugal,
Duquesa de Bragança. O imóvel, de propriedade da União, é administrado desde
1992 pela Fundação Fortaleza de Santa Catarina.
Forte
de Santa Cruz (Fort Orange), em Itamaracá (PE) - Conhecido como Fort
Orange, é um dos testemunhos da ação portuguesa e holandesa em Pernambuco
durante o período colonial. O monumento foi construído em 1630 por militares
holandeses, da Companhia das Índias Orientais, e sofreu diversas mudanças em
sua estrutura desde a restauração portuguesa de 1654, mudando seu nome para
Forte de Santa Cruz. Em pedra calcária e alvenaria de cal, o bem foi tombado
pelo Iphan em 1938 e é gerido pela Fundação de Apoio ao Desenvolvimento da
Universidade Federal de Pernambuco.
Forte
São João Batista do Brum, no Recife (PE) - A origem do Forte
remonta a 1595, quando os corsários ingleses, sob o comando de James Lancaster,
o ergueram. Mais tarde o Forte passaria por várias expansões e modificações.
Uma delas, que marcou a sua história, foi a construção de Schans de Bruyne,
pelos holandeses em 1630, um dos principais pontos de resistência para o cerco
das forças luso-brasileiras, que ocorreu entre 1630 e 1635. Tombado pelo Iphan
desde 1938, o bem pertence ao Exército e atualmente abriga um museu.
Forte
São Tiago das Cinco Pontas, no Recife (PE) - Originalmente
construído formato pentagonal, pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais
em 1630, foi um elemento-chave para as defesas holandesas da cidade de Recife,
sendo mantido sob o cerco pelos moradores de Pernambuco durante 1630 a 1635.
Foi reconstruído por moradores de Pernambuco no final do século XVII, com
layout retangular. Atualmente funciona como o Museu da Cidade do Recife.
Forte
de Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA) - O forte tem a forma de
um decágono irregular. Construído no lugar da segunda cidade lusitana de
Salvador (1534), teve que ser evacuado por causa da resistência nativa e foi
reconstruído em 1582, logo após a União das Coroas de Portugal e Espanha
(1580-1640), com o aumento do risco de ataques por parte das potências
europeias. O forte fazia parte das defesas adicionais de Salvador e teve lugar
em combates contra os corsários ingleses e holandeses, que marcam a história da
cidade no final do século XVI e início do século XVII. Atualmente funciona como
um museu naval.
Forte
São Diogo, em Salvador (BA) -
Parte do complexo da Barra de Salvador, junto com os fortes Santo Antônio e
Santa Maria, o Forte São Diogo foi construído em 1625 e reconstruído em 1694,
sob a forma de uma bateria semicircular. Tombado pelo Iphan desde 1954, o bem é
propriedade do Exército.
Forte
São Marcelo, em Salvador (BA) –
Conhecido como Forte Nossa Senhora do Pópulo e Forte do Mar, o Forte São
Marcelo foi construído fora da costa pelos portugueses, por medo de novas
invasões holandesas. Com desenho circular, é o único exemplar ainda existente
no País. Tombado desde 1938, o Forte pertence ao Iphan.
Forte
de Santa Maria, em Salvador (BA) - Foi erguido logo após
a reconquista da Bahia, em 1652, quando uma frota de soldados espanhóis,
italianos e portugueses tentaram retomar a cidade de Salvador, ocupada pelas
forças da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. A construção atual é
resultado de uma reconstrução feita em 1694. O bem é tombado pelo Iphan desde
1938 e tem o Exército como gestor.
Forte
de N. S. de Mont Serrat, em Salvador (BA) - Construído em 1582, é um Forte de
transição com algumas características de um castelo medieval. Participou de
combates contra os corsários ingleses e holandeses em 1587, 1599, 1604 e 1627,
mas foi tomado pela frota da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais em 1624,
servindo como ponto de resistência holandês contra os moradores de Salvador. Tomada
em 1625, foi novamente invadida pelos holandeses em 1638, participando também
do encontro contra a frota da Companhia das Índias Ocidentais em 1647. Nestes
tempos de conflito, sempre foi guarnecida por moradores da milícia baiana.
Atualmente é administrado pelo Exército.
Fortaleza
de Santa Cruz da Barra, em Niterói (RJ) - Começou a ser erguido em 1578,
como principal defesa da cidade do Rio de Janeiro. No início do século XVIII,
tornou-se o maior forte da América Portuguesa, sendo sua construção irregular
um testemunho de diferentes estilos e programas defensivos. A fortaleza ainda
está em uso pelo exército, que tem seu próprio programa de visitação
turística.
Fortaleza
de São João, no Rio de Janeiro (RJ) – Foi erguida no local
onde os colonizadores de São Vicente fundaram a cidade do Rio de Janeiro, em
1565, para lutar contra os franceses calvinistas, que se estabeleceram na Baía
de Guanabara dez anos antes. O Forte foi construído ao longo de quase 300 anos
(entre 1602 e 1864) e conta com três detalhes característicos: traço italiano,
uma bateria irregular e canal de navegação. Ainda em uso pelo Exército,
funciona hoje como museu.
Forte
de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP) - Construído a partir de 1584,
quando Portugal e Brasil fizeram parte da União Ibérica (1580-1640), foi
desenhado pelo arquiteto italiano Bautista Antonelli. O Forte, principal defesa
de Santos, foi mantido em operação até 1908. Protegido pelo Iphan desde 1964,
funciona como museu municipal.
Forte
São João, em Bertioga (SP) -
Originalmente construído em 1532 para impedir que os povos indígenas
utilizassem o canal Bertioga para atacar as cidades de Santos, foi o posto
militar em que serviu o artilheiro alemão Hans Staden, autor de um dos
primeiros relatos da conquista da América. A partir daí, os moradores de São
Vicente o usaram para expulsar os calvinistas franceses que haviam encontrado
um assentamento no Rio de Janeiro em 1555. O Forte atual foi erguido em 1750 no
contexto de fixação das fronteiras com a América espanhola. Tombado desde 1940,
hoje funciona como museu municipal.
Fortaleza
de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso Ramos (SC) - Construído em 1740,
foi a principal defesa da capitania de Santa Catarina e, ao longo dos séculos
exerceu funções como hospital e até mesmo albergue para viajantes estrangeiros
que poderiam ter sido infectados por doenças contagiosas. O conjunto é composto
por um grande quartel, que já foi a residência do governador, um portão
monumental em um estilo oriental e é administrado pela Universidade Federal de
Santa Catarina.
Forte
de Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis (SC) - Construído em
1740, durante a implantação da capitania de Santa Catarina para apoiar as lutas
na parte sul do continente contra os espanhóis, o Forte conta com uma boa
construção, mesmo com recursos precários disponíveis na época. A Universidade
Federal de Santa Catarina mantém um programa de visitas ao local, protegido
pelo Iphan desde 1938.
Mais
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Conjunto de Fortificações do Brasil
O conjunto de fortificações
implantado pelos europeus no Brasil teve suas origens em um processo de
ocupação do território próprio, diferenciado das outras potências coloniais.
Baseava-se em um esforço descentralizado, oriundo de ações dos próprios moradores
das diferentes capitanias que formariam o Brasil, sem uma maior intervenção da
metrópole. Isso resultou na construção de centenas de fortificações,
espalhadas por todo o território nacional, edificadas para atender mais a
interesses locais do que os da metrópole.
Marcam não apenas a presença de vilas
e cidades de origem lusitana, mas também o contato entre diferentes culturas.
Muitas construções defensivas e povoações foram feitas onde existiram
populações indígenas, enquanto fortes franceses, ingleses, holandeses e
espanhóis foram destruídos não por forças enviadas da metrópole, mas por
residentes no Brasil. Estes se mobilizaram sem uma diretiva maior vinda da
Europa, marcando a formação de um território com língua e identidade próprios,
diferentes do de todos os outros existentes no Novo Mundo e que viria a ter uma
extensão geográfica maior do que a do continente europeu.
Devido à própria natureza do esforço
descentralizado oriundo de ações de pequenas comunidades, sem maior apoio do
governo metropolitano português, o resultado foi uma diversidade de obras, com
diferentes traçados, estilos e técnicas construtivas, que servem para demarcar
a engenhosidade e criatividade dos habitantes em encontrar soluções únicas para
lidar com condições ecológicas e culturais bem diferentes das existentes no
Velho Mundo.
Ainda existem dezenas dessas
fortificações luso-brasileiras, marcando a ação deles no estabelecimento dessa
cultura única. A proposta desta inscrição é apresentar um conjunto de
fortificações que contemple uma seleção de 19 monumentos, representativos das
construções defensivas implantadas no território brasileiro, nos pontos que
serviram para definir as fronteiras marítimas e fluviais que resultaram no
maior País da América Latina: o Brasil. A seleção dos monumentos recaiu
sobre as seguintes obras:
Fortaleza de São José, em Macapá (AP)
Forte Coimbra, em Corumbá (MS)
Forte de Príncipe da Beira, em Costa Marques (RO)
Fortaleza dos Reis Magos, em Natal (RN)
Forte de Santa Catarina, em Cabedelo (PB)
Forte de Santa Cruz (Forte Orange), em Itamaracá (PE)
Forte São João Batista do Brum, no Recife (PE)
Forte São Tiago das Cinco Pontas, no Recife (PE)
Forte de Santo Antônio da Barra, em Salvador (BA)
Forte São Diogo, em Salvador (BA)
Forte São Marcelo, em Salvador (BA)
Forte de Santa Maria, em Salvador (BA)
Forte de N. S. de Mont Serrat, em Salvador (BA)
Fortaleza de Santa Cruz da Barra, em Niterói (RJ)
Fortaleza de São João, no Rio de Janeiro (RJ)
Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, em Guarujá (SP)
Forte São João, em Bertioga (SP)
Fortaleza de Santa Cruz de Anhantomirim, em Governador Celso Ramos (SC)
Forte de Santo Antônio de Ratones, em Florianópolis (SC)
"O Patrimônio Cultural deve ser entendido como um
gigantesco ativo, que aguarda uma ação de reconhecimento e valorização capaz de
fazê-lo desabrochar como instrumento de melhoria da qualidade de vida para
todos. Ou seja, o Patrimônio Cultural tratado como vetor de
Desenvolvimento".
Essas são as palavras da presidente do IphanGovBr, Kátia Bogéa, em palestra no 3º Encontro
Brasileiro das Cidades Históricas Turísticas e Patrimônio Mundial, que acontece
agora em Brasília.
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