Povo indígena Suruí, associação metareilá
A associação metareilá
do povo indígena Suruí, foi criada em 1998, é uma organização não governamental,
de direito privado, sem fins lucrativos, que tem como beneficiário o povo
indígena Paiter Suruí. Fundada pela
iniciativa de lideranças indígenas para atuar na defesa e preservação do
patrimônio cultural e territorial, buscando promover a garantia da
biodiversidade e da cultura e a formação dos povos e lideranças indígenas no
intuito de construir e fortalecer sua autonomia. As diversas atividades
desenvolvidas pela Metareilá buscam envolver toda a comunidade indígena, assegurando,
assim, o respeito da organização social, seus costumes, línguas, crenças tradições
e todas as demais formas de manifestação cultural. Associação tem como
coordenador geral: Almir Narayamaga Suruí e secretário geral e educação: Arildo
Gapamé Suruí.
O foco inicial da
Metareilá foi a terra indígena Sete de Setembro e seu entorno, localizado nos
estados de Rondônia e Mato Grosso. Ações ambientais realizadas pela Metareilá
em seu território incluem um diagnóstico etnoambiental participativo, etnomapeamento
e plano de gestão territorial. Seu desdobramento principal foi o mapeamento
cultural da terra indígena. Outras atividades são a implementação de um programa
de reflorestamento de áreas degradadas, piscicultura e confecção e venda de artesanato.
Em 2007, Metereilá ganho o prêmio de cultural indígena Ângelo Cretã. O
coordenador geral Almir Narayamoga Suruí,ganhou,da internationale Gesellschaft Menschenrechte (IGFM), o prêmio defensor dos
direitos humanos.
As atividades de
treinamento organizadas pela Metareilá incluem temas de legislação indigenista
e ambiental, elaboração de projetos e inclusão digital. Na área de políticas
públicas, a Metareilá executou projetos com o governo de Rondônia, no período
do planafloro, e vem acompanhando as políticas de saúde, educação, cultura e
meio ambiente. Um dos trabalhos de destaque é o ponto de cultura maloca
Digital, que tem formado vários Paiter Suruí, na arte da inclusão digital, no
manejo de máquinas fotográficas, filmadoras e edição de vídeos. E o projeto
Plano 50 anos de feito após o etnozoneamento do território, criando zonas
(Cultural, sagrada, de caça, de pesca, de produção, de recuperação, de floresta
para extrativismo, de proteção integral e floresta em pé) dentro do território.
Texto de análise.
É certo que o
desenvolvimento de projetos e ações que podem transformar a realidade social de
seus membros ou população exige muito esforço, empenho e dedicação. O objetivo
de lutar e defender o bem comum, preservar e manter a cultura, identidade,
língua e território de um povo são algo tremendamente árduo, difícil, porém
extremamente importante.
É preciso considerar
que iniciativas de preservação muitas vezes são mal compreendidas e sofrem até
preconceitos.
Assim mostrar, uma
associação e projetos de sucesso na preservação da cultura e território de seu
povo e como isso impactou e impactam seus membros, a sociedade e sua relevância
para todos os povos, pela sua seriedade, profissionalismo, foco e visão nos
levaram ao distrito do Riozinho município de Cacoal - RO para conhecer e
apresentar a associação Metareilá.
A Associação Metareilá tem
como missão defender e preservar o patrimônio cultural, ambiental, social e econômico
do povo Paiter Surí, construindo e fortalecendo sua autonomia na gestão
sustentável do seu território, a floresta em pé.
Extremamente dedicados
e focados na valorização da cultura do povo Paiter Suruí, defesa e preservação
do meio ambiente, autonomia e protagonismo indígena, diálogo entre os
conhecimentos tradicionais Paiter Suruí e os conhecimentos não indígenas e
participação ativa de todo o povo Paiter Suruí nas decisões e ações.
É uma associação de
excelência na gestão sustentável do seu território, valorizando a cultura, o
meio ambiente, vem transformando a realidade social do seu povo. A Metareilá
forneceu os elementos para que se desenvolvessem sob as ideias da
sustentabilidade e estimulou as demais associações da base clânica do povo
Paiter Surui a participarem conjuntamente do processo de construção do futuro
desejado, pois estabeleceu parcerias importantes e consistentes com as
organizações clânicas do povo Paiter Suruí e várias organizações nacionais e internacionais,
aglutinando apoio para elaboração de projetos como maloca digital, carbono
florestal Suruí e a materialização do plano 50 anos para o povo Paiter Suruí,
em conjunto com as demais associações representativas das 4 linhagens clânicas
Paiter Suruí.
O plano 50 anos feita
após a etnozoneamento do território indígena Sete de Setembro do povo Paiter
Suruí, visa à divisão do território em zonas exclusivas, sendo reavaliadas a
cada cinco anos, foram feitos estudos com mais de 30 profissionais como
arqueólogos, botânicos, geólogos, agrônomos e outros coordenados pela
associação Metareilá onde foi criados áreas dentro do território que leva em
consideração dezenas de critérios e dessa forma foi criado zonas exclusivas,
como as zonas: de produção (roça), extrativismo (Castanha e outros),
recuperação (Reflorestamento), de pesca, de caça, zona sagrada, zona cultural
entre outras. Garantindo o repasse dos saberes para a geração de jovens,
fortalecendo sua cultura, valorizar a cultura indígena, preservar os rituais
espirituais, resgatar locais sagrados, preservar locais dos espíritos, promover
o manejo da fauna, proteger os rios e igarapés, conservar o ambiente natural, proteger
a biodiversidade, fazer plantio (Café, banana, cará, batata, arroz, feijão,
amendoim e colher frutos e sementes da floresta) e extrativismo de forma
sustentável, realizar o reflorestamento com árvores nativas para recuperar área
desmatada ou degradada e de diminuição de peixe etc...
Gostaríamos de
acrescentar um breve resumo da história do povo Paiter Suruí para compreendemos
melhor seus projetos e a associação Metareilá.
O povo indígena Suruí
se autodenomina Paiter, cuja tradução feita pelos indígena e constante dos
estudos etnográficos é “Gente de verdade”. Os Paiter falam a língua do trono
Tupi da família Mondé. Sua organização é baseada em clãs, que são à base do
sistema de parentesco e matrimônio. Sua organização social preconiza a exogamia
clânica, onde o casamento é permitido somente com os membros de outro clã.
Os contatos oficiais
com a fundação nacional do índio ocorreram em 07 de setembro de 1969. Desde
antes do contato oficial tinham encontros esporádicos, alguns acirrados, com
outros povos indígenas, com seringueiros e os trabalhadores da linha
telegráfica coordenada pelo Marechal Rondon nas primeiras décadas do século XX.
O resultado do contato na população indígena foi a redução de 5.000 para 250 indivíduos,
segundo os Paiter. Apesar dos impactos sobre sua cultura, os Paiter mantem
muito de seus costumes, a língua e vários aspectos cosmológicos.
A demarcação dessa terra
indígena se deu em 1976, e a posse permanente foi declarada pela portaria 1561
de 29 de setembro de 1983, tendo sido homologada pelo decreto n 88867 de 17 de
outubro de 1983, pelo presidente João Figueiredo.
Atualmente a população
é de aproximadamente 1.400 pessoas que vivem em 25 aldeias.
Portanto a associação
metareilá vem mudando a qualidade de vida e a perspectiva de futuro do povo que
representa o povo indígena Paiter Suruí são exemplos de renovação, dedicação, planejamento
de longo prazo e luta pela preservação da sua língua, seu território e sua
cultura.
Manter a floresta em pé,
é a melhor forma de garantir as relações culturais e espirituais do seu povo e
ainda ajudar a preservação da fauna e floral do nosso planeta, na diminuição da
emissão de carbono.
Os Paiter Suruí
aprenderam e ensinaram que a floresta em pé vale mais.
Prof. Gilvandro.
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