Em sua palestra durante o Fórum Ecommerce Brasil o jornalista, crítico e cineasta Arnaldo Jabor traçou um panorama histórico da política e da economia brasileira ressaltando as expectativas do país para a modernização e para o desenvolvimento do comércio e negócios.
“Vivemos em uma época em que muitas coisas não têm solução. O Brasil faz parte dessa dúvida”, diz o jornalista. Para Jabor, o Brasil vive um momento de virada, uma luta entre a ideia de atraso que sempre acompanhou a sociedade brasileira e o progresso. “Essa mudança é fundamental para romper o atraso endêmico que nos segurou por todos esses anos. E por atraso me refiro às formas de comportamento político e administrativo herdados da colonização portuguesa”, diz.
Entre as heranças que impedem o desenvolvimento do Brasil, Jabor destacou o patrimornialismo, o clientelismo, a sensação de impotência do brasileiro, a corrupção, o salvacionismo e a burocracia. Veja os principais desafios a serem superados, segundo Jabor:
1) Patrimonialismo e depressão: No caso do patrimonialismo, o que importa é o estado, e ele é visto como propriedade de grupos, de um estamento burocrático que faz a sociedade trabalhar em prol dele, julgando para onde a sociedade vai. Para Jabor, está na hora da sociedade inverter essa regra. É a sociedade que precisa impor as diretrizes ao Estado e ser responsável pelo próprio destino.

 
2) Corrupção: Corrupção é um defeito moral. Hoje vemos que a corrupção destrói todos os projetos do brasil. Os ladrões são admirados. Não existe o honesto, existe o burro.
3) Burocracia: Como os governos por séculos sempre dificultaram o progresso das empresas e o empreendedorismo, essa burocracia acabou gerando mais corrupção e clientelismo, O resultado é o que vemos hoje: abrir e fechar uma empresa hoje no Brasil é muito difícil. É hora de desburocratizar esse processo.
4) Clientelismo e cordialidade: O clientelismo faz com que as pessoas trabalhem em função de algum interesse. Ao contrário do que se pensa, a cordialidade do brasileiro é bastante individualista do que coletivista.
5) Salvacionismo e sebastianismo: No caso do salvacionismo e sebastianismo existe uma falsa esperança de que o problema do Brasil irá se resolver mediante algum “salvador”. Já tivemos muitos deles: Jânio quadros, Collor, Lula, Getúlio Vargas, etc. Isso foi um problema para nós, pois pode criar oligarquias que dominam o país em vários estados. É por isso que sempre ouvimos falar dos “donos regionais”.
6) A falsa democracia: Durante 21 anos estivemos reféns de uma forte ditadura que além de deixar um grande legado de violência e tortura, criou um vazio cultural e político e nos manteve impotentes. Isso nos deu uma “fome” de democracia que nos fez acreditar nos “salvadores” como Collor e criar a nossa frágil democracia. Desde então procuramos o caminho certo.
Mas esse cenário está prestes a mudar. A modernidade está vencendo por algumas razões, entre elas está a revolução digital. A internet é sem dúvida mais importante que o surgimento da imprensa e do iluminismo porque ela não muda apenas o que a gente pensa (como foram as outras revoluções), mas muda a estrutura e a forma de pensar.
Não existe mais o futuro. Existe um presente contínuo que se estende o tempo todo, em constante mudança. Não existe mais a ideia platônica da harmonia como evolução da modernidade, mas sim a incerteza que nos obriga a modernizar.