Geração 40.
A pesquisa e a investigação das fontes documentais do protestantismo brasileiro das décadas de 1910 a 1940 nos dão uma visão dos evangélicos em termos de ética social e religiosa. Se por um lado havia uma prática religiosa preocupada com as regras e as normas moralistas decaindo num legalismo infrutífero, por outro, vozes e ações se voltaram para questões mais amplas, sociais e de direitos humanos. A partir destes paradoxos podemos conhecer um pouco da história desta geração.
No rastro de Edimburgo (1910), de Panamá (1916), de Montevidéo (1925) e de outros movimentos de unidade, encontramos ações que focaram os problemas sociais, inclusive numa perspectiva latino-americana. Um dos caminhos foi o da intensa publicação de artigos em jornais e revistas que alcançavam o público mais amplo. Diferente da imprensa denominacional voltada para os interesses internos e para a reinvenção das próprias identidades, era uma literatura qualificada e de enfrentamento das questões sociais e religiosas do país, ao mesmo tempo ecumênica e interdisciplinar (teológica, filosófica, histórica e social).
No Centro Brasileiro de Publicidade (1916) e, mais tarde, nas Revistas Cultura Religiosa (1922 a 1926), Sacra Lux (1935 a 1939) e Lucerna (1929-1930) encontramos lideranças como Erasmo Braga, Epaminondas Melo do Amaral, Miguel Rizzo Júnior, Vicente Themudo Lessa, Galdino Moreira, Othoniel Mota, Salomão Ferraz e outros que debatiam temas como a condição da mulher na sociedade, a educação, o voto universal, a guerra e o analfabetismo. No parlamento de 1934, o metodista e socialista Guaraci Silveira defendeu bandeiras como liberdade religiosa, ensino laico, voto feminino e universal.
O processo de “formação e interação de organizações, associado ao número e à intensidade das publicações, viria mais tarde cooperar na formação da Confederação Evangélica do Brasil, (...) criada em 19 de junho de 1934 quando congregou Igrejas Nacionais, Juntas Missionárias e Sociedades Evangélicas”. A Confederação “reuniu movimentos anteriores do mundo protestante brasileiro tais como: a União de Escolas Dominicais do Brasil (1911), depois transformada no Conselho Evangélico de Educação Religiosa (1928), a Comissão Brasileira de Cooperação (1916) e a Federação das Igrejas Evangélicas do Brasil (1931)1.
Trata-se, portanto, de uma forma como se deu a presença de evangélicos que serviram a Deus conforme os limites e as conjunturas da sua própria geração. Eles experimentaram as próprias ambiguidades no tempo e no espaço, com erros e acertos.
As primeiras quatro décadas do século 20 é um período que ainda pouco conhecemos. Nesse tempo aconteceram mudanças importantes que determinaram os rumos do protestantismo até os nossos dias como a nacionalização das estruturas eclesiásticas e o advento do movimento pentecostal. Tal movimento, entretanto, ainda era minoritário dentro da minoria evangélica de cerca de 2% a 3% da população brasileira. Além disso, incorporou as formas e as estruturas oriundas do protestantismo já estabelecido, demarcando um “continuum”.
Não podemos ver toda a história dos evangélicos protestantes no Brasil como se os evangélicos tivessem sido sempre como são hoje, decadentes em termos de testemunho e de ética social e religiosa. Houve época em que não era assim mas, nem melhor e nem pior, era conforme as condições daquela mesma época, as quais precisam ser historicizadas. Neste sentido, não há idealização, mas o esforço sempre inacabado de compreensão dos sentidos das ações neste passado.
Se Deus é Deus de geração em geração, significa que podemos interpretar tanto as ações divinas como também os modos pelos quais o seu povo viveu dentro dos limites de uma dada época. Esta afirmação também nos remete ao fato de que Deus é o Deus de pessoas e não de instituições, muito menos dos dogmas e das verdades oficiais que tanto legitimam os sistemas de dominação e de opressão.
Muda-se, portanto, o foco de se olhar o protestantismo de cima para baixo para vê-lo de baixo para cima ou na sua horizontalidade.
No rastro de Edimburgo (1910), de Panamá (1916), de Montevidéo (1925) e de outros movimentos de unidade, encontramos ações que focaram os problemas sociais, inclusive numa perspectiva latino-americana. Um dos caminhos foi o da intensa publicação de artigos em jornais e revistas que alcançavam o público mais amplo. Diferente da imprensa denominacional voltada para os interesses internos e para a reinvenção das próprias identidades, era uma literatura qualificada e de enfrentamento das questões sociais e religiosas do país, ao mesmo tempo ecumênica e interdisciplinar (teológica, filosófica, histórica e social).
No Centro Brasileiro de Publicidade (1916) e, mais tarde, nas Revistas Cultura Religiosa (1922 a 1926), Sacra Lux (1935 a 1939) e Lucerna (1929-1930) encontramos lideranças como Erasmo Braga, Epaminondas Melo do Amaral, Miguel Rizzo Júnior, Vicente Themudo Lessa, Galdino Moreira, Othoniel Mota, Salomão Ferraz e outros que debatiam temas como a condição da mulher na sociedade, a educação, o voto universal, a guerra e o analfabetismo. No parlamento de 1934, o metodista e socialista Guaraci Silveira defendeu bandeiras como liberdade religiosa, ensino laico, voto feminino e universal.
O processo de “formação e interação de organizações, associado ao número e à intensidade das publicações, viria mais tarde cooperar na formação da Confederação Evangélica do Brasil, (...) criada em 19 de junho de 1934 quando congregou Igrejas Nacionais, Juntas Missionárias e Sociedades Evangélicas”. A Confederação “reuniu movimentos anteriores do mundo protestante brasileiro tais como: a União de Escolas Dominicais do Brasil (1911), depois transformada no Conselho Evangélico de Educação Religiosa (1928), a Comissão Brasileira de Cooperação (1916) e a Federação das Igrejas Evangélicas do Brasil (1931)1.
Trata-se, portanto, de uma forma como se deu a presença de evangélicos que serviram a Deus conforme os limites e as conjunturas da sua própria geração. Eles experimentaram as próprias ambiguidades no tempo e no espaço, com erros e acertos.
As primeiras quatro décadas do século 20 é um período que ainda pouco conhecemos. Nesse tempo aconteceram mudanças importantes que determinaram os rumos do protestantismo até os nossos dias como a nacionalização das estruturas eclesiásticas e o advento do movimento pentecostal. Tal movimento, entretanto, ainda era minoritário dentro da minoria evangélica de cerca de 2% a 3% da população brasileira. Além disso, incorporou as formas e as estruturas oriundas do protestantismo já estabelecido, demarcando um “continuum”.
Não podemos ver toda a história dos evangélicos protestantes no Brasil como se os evangélicos tivessem sido sempre como são hoje, decadentes em termos de testemunho e de ética social e religiosa. Houve época em que não era assim mas, nem melhor e nem pior, era conforme as condições daquela mesma época, as quais precisam ser historicizadas. Neste sentido, não há idealização, mas o esforço sempre inacabado de compreensão dos sentidos das ações neste passado.
Se Deus é Deus de geração em geração, significa que podemos interpretar tanto as ações divinas como também os modos pelos quais o seu povo viveu dentro dos limites de uma dada época. Esta afirmação também nos remete ao fato de que Deus é o Deus de pessoas e não de instituições, muito menos dos dogmas e das verdades oficiais que tanto legitimam os sistemas de dominação e de opressão.
Muda-se, portanto, o foco de se olhar o protestantismo de cima para baixo para vê-lo de baixo para cima ou na sua horizontalidade.
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