Triunfar não é vencer e sim perseverar

modalidade-natacao
Ricardo Gondim
Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono. Aquele que tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas
Apocalipse 3.21
Meus braços já não suportavam mais. Eu buscava ar como um afogado em seu desespero final. No treino de natação, o vai e vem da cabeça, o afundar e emergir para buscar fôlego se torna um estertor. Eu treinava para uma competição próxima e precisava intensificar os exercícios. Acontece que naquela tarde, estava exausto. Nos tiros, o percurso da piscina deve ser vencido a toda velocidade – eles visam aumentar a capacidade dos pulmões de suprir os músculos de oxigênio. Já havíamos dado uns oito tiros, em quase meia hora de suplício. Resolvi desistir. Enquanto alternava as braçadas, prometi a mim mesmo que logo que tocasse a borda da piscina avisaria ao técnico que iria embora. Decididamente, eu não aguentava mais. “Cheguei no meu limite”, repeti ofegante, com a cara enfiada na água.
Assim que alcancei a borda, gritei: “Vou parar agora!” Sem demonstrar piedade alguma, meu técnico respondeu, virando as costas: Nesta hora os medíocres desistem! Senti-me um lixo. Resolvi buscar forças onde não tinha e voltei ao treino. O técnico – que por acaso também se chamava Ricardo -ensinava uma lição que perdurou comigo todos esses anos. Hoje sei: se existe algum prêmio em existir, ele pertence aos que não desistem. Meu conceito de vencedor consiste em apenas permanecer na lida.
Existem inúmeros textos na Bíblia hebraica e no Testamento cristão que exortam a não desistir. Os versículos prometem galardão aos que, perseverando, seguem, mesmo que jamais cruzem a linha de chegada. Projetos e sonhos acabam-se porque as pessoas desistem antes de tentarem o próximo passo. Entregam os pontos ao aceitarem que as forças se esgotaram. Alguns largam casamentos, filhos, pais, comunidades de fé, por imaginarem não possuírem os recursos necessários para seguir adiante. Outros abandonam sonhos, ideais, metas e pior, a própria vida, por se considerarem fracassados.
A vida se parece com o pedalar, com o correr ou com o nadar. Depois de correr 18 maratonas, atesto: viver é uma jornada que, na maioria das vezes, parece impossível. Na vida, percalços acontecem inesperados. Parceiros de caminhada nem sempre se mostram dignos de confiança. A existência, contudo, só pede que não desistamos. O relato bíblico é precioso por narrar o testemunho de personagens que insistiram apesar das circunstâncias. Ao vê-los, os fracos revigoram, os desanimados se entusiasmam, os caídos se levantam. A Bíblia avisa que desistir por mero comodismo é atributo dos tímidos – e os tímidos não entrarão no Reino.
Os que  se acham sem forças devem tentar mais uma braçada, mais uma pedalada ou mais um passo. Por que não tentar o diálogo só mais uma vez? Por que não caminhar só mais uma milha? Por que não dizer para si mesmo:  eu não vou parar na hora em que os medíocres desistem.
Soli Deo Gloria

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