Seu negócio não está dando certo? Não tenha vergonha de dizer adeus

Pode parecer estranho, mas Sun Tzu, aquele general que escreveu a Arte da Guerra, já disse que "a primeira estratégia é ir embora"

Olá pessoal, nessa semana temos a questão do Felipo M. Ferreira. O Felipo é o gestor responsável por um grupo de lojas de varejo de tintas. Nosso amigo leu outra postagem dessa coluna sobre como enfrentar a concorrência desleal, e se identificou com o tema.

O problema que o Felipo nos coloca é o seguinte: Por um lado, ele enfrenta as grandes lojas de construção, que têm um poder de fogo muito maior que o dele na oferta de produtos e promoções. De outro lado, ele enfrenta pequenos concorrentes que atuam na informalidade. O Felipo nos descreve que se sente em um ambiente hostil e nos pergunta o que fazer a respeito.
Sun Tzu, aquele general que escreveu a Arte da Guerra, disse que "a primeira estratégia é ir embora." Essa estratégia (que aliás, nem aparece em primeiro lugar em seu livro "A Arte da Guerra"), geralmente passa despercebida no mundo movido a testosterona das batalhas corporativas. Quando nos vemos diante da concorrência, principalmente aquela que joga baixo, não paga impostos e usa de outros truques para nos deixar para trás, o primeiro reflexo geralmente é bater de frente. Não faça isso.
Se há algo que a história ensinou, é que não há nada de errado em "ir embora". Warren Buffet, um dos homens mais ricos do mundo, fez seu primeiro grande investimento em uma fábrica de tecidos - a Berkshire Hathaway. O mercado de tecidos, enfrentando uma concorrência violenta da Ásia, não era algo muito apetitoso. A questão é que, enquanto vendia seus produtos, a empresa gerava fluxo de caixa. Foi então que ele tomou uma decisão que pode ser contra-intuitiva, mas que o marcou como um dos maiores investidores e homens de negócio que o mundo já viu. Buffet simplesmente parou de investir no negócio.

Imagem: Thinkstock

Com o tempo, ele comprou participação em seguradoras, comprou outras empresas de capital fechado e adquiriu participações relevantes em empresas como Coca-Cola e IBM. Os relatórios anuais e raras aparições na mídia são seguidos passo a passo por profissionais do mercado financeiro. Em uma dessas ocasiões, Buffett disse que uma das grandes vantagens de sua empresa em relação aos concorrentes é o desprendimento em relação a setores específicos. Se ele acha que uma de suas subsidiárias não oferece boas perspectivas, ele simplesmente vende sua participação, ou drena todo o dinheiro possível e investe em outro lugar mais promissor.
A moral da história é que não há vergonha nenhuma em mudar de área. Aliás, seria o que uma boa gestão financeira recomenda. Se você possui um fluxo de caixa vindo de sua empresa atual, mas não vê muitas perspectivas em seu setor, o melhor a fazer é procurar pastos mais verdes. Você não precisa fechar sua empresa da noite para o dia, mas se, pelo que você escreveu, você realmente não tem como competir com os grandes participantes, e está espremido entre os pequenos, lembre-se que não está escrito em pedra que você deve permanecer nesse setor o resto da vida.
O fato é que uma situação assim exige mudança. Outra opção, se não podemos vencer nossos competidores no jogo deles, podemos tentar mudar o jogo. O que isso quer dizer? Para cuidar de seu negócio atual, você pode tentar mudar sua base competitiva: Há produtos diferenciados que você possa vender? Há valor em oferecer um determinado serviço aos clientes? Há algum segmento do mercado que não está sendo atendido pelos atuais participantes do mercado? O mundo está repleto de casos de empresas que encontraram seus nichos de mercado, ofereceram algo diferente, e conseguiram se manter vivas competindo com algo além do preço.
Essa conversa de "ir embora" pode parecer derrotista, mas já foi contada e recontada das mais diversas formas. De Sun Tzu a teorias com "oceanos sangrentos", o fato é que volta e meia precisamos reavaliar nosso mercado de atuação. Se seu time está perdendo, faça tudo para mudá-lo. Se ainda assim você não vir perspectivas, coloque seus esforços em outro lugar.

Por Fábio Zugman

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