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janeiro 20, 2013
Como nascem as tendências de consumo
Sem a habilidade de construir tendências comportamentais, produtos excelentes fracassam, equipes talentosas ficam desmotivadas e, é claro, investidores procuram outras ondas para surfar
Nos últimos dias eu tenho me dedicado a encontrar um ponto de convergência entre todos os serviços de consultoria oferecidos pela minha empresa. Essa reflexão resultou em duas palavras: "construir tendências". Não é por acaso. Sem a habilidade de construir tendências comportamentais, produtos excelentes fracassam, equipes talentosas ficam desmotivadas e, é claro, investidores procuram outras ondas para surfar.
Falando sobre tendências de consumo, a história está cheia de ótimos produtos que nunca decolaram por que não foram capazes de cativar os seus clientes potenciais, gerando desejo real de aquisição. A Microsoft é especialista nesse tipo de erro. O tablet foi inventado por ela ainda em 2002, enquanto a WebTV, um recurso que unia televisão, internet e interatividade, foi lançado pela empresa em 1997. Ambas as inovações foram fracassos de vendas. Não pela qualidade dos produtos, eles eram bons, mas porque não conseguiram estabelecer parâmetros sociais que validassem a opção de comprá-los. Ou seja, ao olhar para os lados, não se via ninguém interessado neles, fazendo parecer uma opção equivocada. Algo como, "somente se todos comprassem, todos comprariam".
Na prática, construir uma tendência de consumo é encontrar a solução para esse paradoxo. Foi justamente o que a Apple fez alguns anos mais tarde, com o iPad e a Apple TV. Produtos muito parecidos com as propostas da Microsoft, mas que pelas mãos da empresa de Steve Jobs foram revoluções tecnológicas bem sucedidas. A diferença está em entender de seres humanos mais do que de produtos, satisfazendo as suas necessidades reais, que por vezes vão muito além das materiais. Vejamos como isso se estabelece.
À beira da falência, em 1998, a Apple fez uma aposta simples, porém bastante significativa: vender computadores coloridos. Pela primeira vez, a indústria da informática deixou de lado o bege corporativo e ofereceu produtos para pessoas comuns, acompanhadas da sua personalidade. O argumento atraiu os primeiros entusiastas da marca, indivíduos ousados e despojados como todos os outros queriam ser.
O sucesso da grife francesa Hermès ilustra esse aspecto. Parte dele se justifica pela aparição de celebridades como a princesa Grace Kelly, carregando uma bolsa da marca a tiracolo. O episódio deu origem ao modelo Kelly, a mais vendida da marca, talvez por destacá-la como sendo adorada pela realeza. Daí em diante a tendência de consumo se desenvolve em progressão geométrica a partir da percepção favorável da marca, suas filas e entusiastas.
O vídeo abaixo pede a opinião de alguns consumidores sobre o novo iPhone 5. Eles dizem estar mais leve, mais rápido e mais resistente do que o anterior. Sem saber que na verdade estavam segurando ele: o iPhone 4S. A curiosidade é, e se a Apple não mudasse nada de verdade?
Por Pedro Souza
Falando sobre tendências de consumo, a história está cheia de ótimos produtos que nunca decolaram por que não foram capazes de cativar os seus clientes potenciais, gerando desejo real de aquisição. A Microsoft é especialista nesse tipo de erro. O tablet foi inventado por ela ainda em 2002, enquanto a WebTV, um recurso que unia televisão, internet e interatividade, foi lançado pela empresa em 1997. Ambas as inovações foram fracassos de vendas. Não pela qualidade dos produtos, eles eram bons, mas porque não conseguiram estabelecer parâmetros sociais que validassem a opção de comprá-los. Ou seja, ao olhar para os lados, não se via ninguém interessado neles, fazendo parecer uma opção equivocada. Algo como, "somente se todos comprassem, todos comprariam".
Imagem: Thinkstock |
Na prática, construir uma tendência de consumo é encontrar a solução para esse paradoxo. Foi justamente o que a Apple fez alguns anos mais tarde, com o iPad e a Apple TV. Produtos muito parecidos com as propostas da Microsoft, mas que pelas mãos da empresa de Steve Jobs foram revoluções tecnológicas bem sucedidas. A diferença está em entender de seres humanos mais do que de produtos, satisfazendo as suas necessidades reais, que por vezes vão muito além das materiais. Vejamos como isso se estabelece.
O produto e o os seus primeiros fãs
Como conversamos no artigo sobre a matemática do sucesso, o momento mais difícil na construção de uma tendência é o primeiro. Você precisa de um produto bom o bastante para atrair a atenção do seleto grupo dos confiantes. Aqueles que não precisam de uma referência social para fazer as suas escolhas. A partir daí a mágica começa a acontecer.À beira da falência, em 1998, a Apple fez uma aposta simples, porém bastante significativa: vender computadores coloridos. Pela primeira vez, a indústria da informática deixou de lado o bege corporativo e ofereceu produtos para pessoas comuns, acompanhadas da sua personalidade. O argumento atraiu os primeiros entusiastas da marca, indivíduos ousados e despojados como todos os outros queriam ser.
A força do branding e a continuidade do ciclo
O papel da empresa é reforçar a associação entre esses primeiros fãs de referência e a própria marca. O objetivo é consolidar um referencial social que valide a escolha dos próximos consumidores. Mais ou menos como dizer, "você pode confiar por que eles já confiam".O sucesso da grife francesa Hermès ilustra esse aspecto. Parte dele se justifica pela aparição de celebridades como a princesa Grace Kelly, carregando uma bolsa da marca a tiracolo. O episódio deu origem ao modelo Kelly, a mais vendida da marca, talvez por destacá-la como sendo adorada pela realeza. Daí em diante a tendência de consumo se desenvolve em progressão geométrica a partir da percepção favorável da marca, suas filas e entusiastas.
O vídeo abaixo pede a opinião de alguns consumidores sobre o novo iPhone 5. Eles dizem estar mais leve, mais rápido e mais resistente do que o anterior. Sem saber que na verdade estavam segurando ele: o iPhone 4S. A curiosidade é, e se a Apple não mudasse nada de verdade?
Por Pedro Souza
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