Por que as pessoas têm medo da criatividade?



Agência Pavanews, com informações de iO9 e Cornell University
Para sobreviver, o ser humano muitas vezes precisa chegar a soluções inesperadas para problemas complicados. Mas as pessoas muitas vezes agem com ceticismo e desdém em relação a idéias criativas. A razão para isso parece estar na maneira como programamos nosso cérebro.
Qualquer pessoas que se considera um gênio incompreendido conhece a sensação de ter uma de suas brilhantes idéias rejeitada. As pessoas “comuns” parecem incapazes de compreender o conceito visionário apresentado e acabam olhando a proposta com desprezo ou dando os ombros. A criatividade é quase universalmente considerada um traço positivo na teoria, mas na prática parece deixar as pessoas visivelmente incomodadas.
O estudo “The Bias Against Creativity: Why People Desire But Reject Creative Ideas” [Preconceito contra a criatividade: Por que as pessoas desejam, mas rejeitam a criatividade] realizado pela Universidade da Pensilvânia mostra algumas maneiras de resolver esse aparente paradoxo. Os pesquisadores chegaram a quatro conclusões fundamentais:
- Idéias criativas são, por definição, novidade e isso pode desencadear sentimentos de incerteza – que fazem a maioria das pessoas sentir-se desconfortáveis.
– Pessoas descartam idéias criativas e preferem as idéias práticas e que já foram experimentadas.
– Provas objetivas sobre a validade de uma proposta criativa não motiva as pessoas a aceitá-la.
– O preconceito anti-criatividade é tão sutil que as pessoas não tem consciência disso, o que pode interferir em sua habilidade de reconhecer uma ideia criativa.
O estudo encontrou evidências conscientes e inconscientes desse preconceito contra a criatividade. Para demonstrar as concientes, os participantes tiveram uma reação negativa a um tênis de corrida equipado com nanotecnologia, ajustado para esfriar o pé e reduzir as bolhas. O calçado funcionou bem e apresentou algumas vantagens sobre os sapatos comuns, mesmo assim houve uma inclinação dos participantes em rejeitá-lo. E no lado inconsciente das coisas, os resultados revelaram que, mesmo quando as pessoas explicitamente afirmaram que ideias eram criativas, na verdade associavam essas ideias com palavras negativas como “vômito”, “veneno” e “agonia”.
Para descobrir o preconceito contra a criatividade, os pesquisadores usaram uma técnica sutil. Na verdade, é a mesma usada para as pessoas mostrarem o que podem não querer admitir, como o racismo.
Tudo se resume à sensação de incerteza, dizem os pesquisadores. Não há necessidade real de idéias criativas em momentos de certeza e segurança, logo as pessoas tendem a associar criatividade com ‘sair dos limites’ de segurança.
“Os resultados demonstram uma ironia profunda”, explicam as líderes do estudo, Jennifer Mueller, da Universidade da Pensilvânia e Melwani Shimul, da Universidade da Carolina do Norte em Chapel Hill.
“A incerteza também nos deixa menos capazes de reconhecer a criatividade, talvez nos momentos quando mais precisamos dela. Revelar a existência e a natureza desse preconceito contra a criatividade pode ajudar a explicar por que as pessoas tendem a rejeitar idéias criativas e sufocar avanços científicos, mesmo diante de fortes intenções de fazer o contrário… O campo de estudo da criatividade precisa mudar o seu foco atual de identificar como ter ideias mais criativas e passar a identificar como pode-se ajudar as instituições a reconhecer e aceitar essa criatividade. “

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