Executivos: 7 erros que podem destruir uma empresa

Procurar justificar os meios alegando um fim nobre não convence e é uma das falhas mais graves.
Por Marcos Morita

Há alguns dias escrevi um artigo listando sete erros frequentes que devem ser evitados por profissionais de diversos níveis hierárquicos, baseado em atitudes e comportamentos. Fui solicitado a pensar nas falhas mais comuns cometidas por executivos e profissionais de alto escalão. Tarefa um tanto quanto simples, considerando que apenas precisei observar meu próprio comportamento, assim como o de colegas e superiores. Difícil foi conseguir uma brecha na agenda lotada e extenuante, considerando que estamos em junho, mês de fechamento do segundo trimestre. Vamos então as dicas, as quais, espero, possam ser úteis.

Os fins justificam os meios:
metas irrealistas, pressões por resultados de curto prazo e cobranças desmedidas das chefias, podem fazer com que o executivo acabe cometendo deslizes ou faltas éticas, ferindo princípios contábeis e normais internacionais. É comum fabricantes estocarem seus parceiros de canal, oferecendo descontos para que comprem além da quantidade normal. Verbas de marketing, prorrogações de títulos e devoluções são algumas das consequências.
Tudo é urgente: conheci profissionais que não distinguem a diferença entre urgente e importante, tornando todo e qualquer assunto como a hora da morte, principalmente aqueles solicitados pela chefia imediata. Esta postura de desespero acaba contaminando seus subordinados e a área, cujo clima organizacional tende a se deteriorar rapidamente, trazendo conflitos, desmotivação e desligamentos. Nem o melhor dos motores resiste andar em alto giro durante 30 dias seguidos.

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Imagem: Thinkstock

Efeito casulo:
apesar de declinante, conheço gerentes e diretores que passaram longos períodos em uma só empresa, fechando-se para o mercado. Em alguns casos o casamento um dia acaba, trazendo uma sensação amarga de traição e negação. Como um marido recém-separado, precisam reaprender a procurar emprego. Considerando que grande parte das vagas de alto nível é preenchida pelo famoso QI, não é difícil prever que terão dificuldades. Sei que pode parecer chavão, porém manter uma rede de networking é um hábito salutar. Um almoço por semana basta. Palavra de quem já sofreu na pele.
Longe da escola: da mesma maneira que existem profissionais que vivem para estudar, aproveitando suas férias para cursos de atualização, há aqueles que só pensam em trabalhar, passando longe dos bancos escolares. Um currículo repleto de realizações e conquistas, obtidos a custa de muitas horas extras e finais de semana. Ter apenas a graduação no CV poderá atrapalhá-lo, uma vez que perderá a noção das teorias e modelos aplicados em outras empresas e setores.
O alpinista: há muitos executivos que acabam pulando etapas em sua carreira, ocupando rapidamente postos de direção. Em geral, profissionais com escolas de primeira linha, idiomas e experiências internacionais, utilizam sua inteligência criando estratégias que os levarão ao topo. Pouco jogo de cintura em relacionamentos interpessoais e falta de liderança, frutos da experiência, podem ocorrer. Em épocas de organogramas horizontalizados, promoções laterais são também interessantes.
Faça como os políticos: em anos eleitorais tudo é possível, até coalizões entre Maluf e Lula, aqui em São Paulo. Não obstante o disparate, o importante é aprender a habilidade em formar coalizões e costurar acordos, imprescindíveis no alto da hierarquia. Em grandes corporações, conhecer e trafegar bem nas complexas estruturas organizacionais pode fazer a diferença, por exemplo, na aprovação ou não de um projeto.
O efeito formiga: muitos chefes acabam sempre com a mão na massa, seja por gostarem do trabalho do dia a dia, não confiarem em seus subordinados ou não delegarem de maneira apropriada. Sempre atolados de trabalho, acabam se escondendo das maiores decisões, sendo vistos como operacionais pela chefia. Apesar do nobre propósito, um dos papéis a desempenhar pelo executivo é o marketing pessoal. Como já dizia o ditado, quem não é visto não é lembrado.
Com raras exceções, grande parte dos setores e indústrias tem vivido momentos de queda em seus faturamentos, cujos planos, construídos com base no eufórico ano de 2011, estão muito aquém do previsto. O humor das empresas e dos executivos costuma refletir o clima econômico vigente, apesar das previsões otimistas de Guido Mantega. Neste cenário um tanto quanto encoberto e com os nervos a flor da pele, nunca é demais tomar alguns cuidados.

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