EUA e Brasil: estilos diferentes de gestão comercial
Em uma quinta-feira cinzenta de intenso frio, pleno outono na Costa Leste dos
EUA, estou andando pela Quinta Avenida em Manhattan, Nova Iorque. Decidido a
chegar ao Central Park, notei que passara umas três lojas Starbucks em menos de
duas quadras, nas ruas que cruzam com a Quinta Avenida. Pensei comigo: na
próxima que avistar, vou entrar e tomar um café para me aquecer. Andei mais uma
quadra e lá estava outra loja. Entrei. Pedi um café e, obviamente, já sabia o
que iria encontrar: um café aguado, completamente diferente do nosso cafezinho
brasileiro. Mesmo assim, tomei coragem e fui adiante, pois o frio era muito
grande.
Refletindo sobre o assunto, pensei que houve uma tropicalização
da rede para entrar no Brasil. Ela se adequou às particularidades do brasileiro
para obter sucesso também aqui. Esses americanos são realmente bons
nisso.
Aproveitando a onda de paz e amor entre Brasil e EUA, gostaria de
fazer uma analogia entre as empresas dos dois países em seu estilo de gestão
comercial. Creio que flexibilização é a palavra que deve permear essa análise.
Acredito também que deve existir um meio-termo entre as duas formas de se
gerenciar uma área comercial. Não completamente do jeito norte-americano, mas
também não 100% do brasileiro. Como encontrar o meio-termo?
Não é de hoje
que sabemos que as melhores práticas, tanto de marketing quanto de vendas, são
oriundas, em sua maioria, dos EUA. Eles são, sem sombra de dúvida, os maiores
pensadores e desenvolvedores dessas áreas. Devido à sua grande estabilidade
econômica, os americanos sempre foram especialistas em planejar o ano de
trabalho, ou seja, realizar o orçamento anual – ou, como dizem lá,
budget. A base de qualquer budget é o quanto a empresa
pretende ou acredita ser possível vender durante o ano. A partir dessa
informação, o restante do orçamento é calculado em cima desses
números.
Por outro lado, sabemos que a capacidade de se relacionar do
brasileiro é muito grande. Os negócios entre as empresas, em muitos casos,
ultrapassam a fronteira do profissional e acaba existindo uma relação
interpessoal entre compradores e vendedores, garantindo assim uma parceria mais
estável. Esse é o jeito de o brasileiro vender.
As grandes diferenças
entre a gestão comercial brasileira e a norte-americana estão justamente nestes
dois pontos: de um lado, o brasileiro, que não quer nem ouvir falar em
planejamento; do outro, o americano, muito profissional em suas relações
comerciais. Como dizem lá: “Straight to the point” ou, em bom
português, focado no que interessa, sem rodeios.
Como podemos manter a
nossa empatia comercial e desenvolver o lado do planejamento? Esse é o maior
desafio. Culturalmente, é muito difícil para um empresário brasileiro pensar em
se planejar. Mas as coisas mudaram. Para a empresa se organizar melhor e
estimar, de maneira mais acertada, os seus recursos físicos e financeiros, é
necessária essa evolução da área comercial.
Gustavo Dalla Vecchia
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