Crenças devem ser respeitadas no ambiente de trabalho

Futebol, política e religião não se discute” é o velho jargão utilizado por quem não quer falar sobre assuntos polêmicos. Mas nem sempre dá para escapar da realidade e, quando a questão está relacionada ao mundo corporativo, não tem jeito – tem que discutir. A religião é um ponto delicado e merece atenção até no trabalho. “É comum no ambiente de trabalho nos depararmos com diferentes crenças. O respeito por essa diferença é fundamental para a harmonia do ambiente e para que não se criem polêmicas a respeito do assunto”, ressalta a psicóloga e headhunter Rossana Ercole, da Gnetwork.

Ercole declara que cada empresa deve expor sua política em relação a esse assunto, e fazer algumas adaptações às religiões de seus funcionários é uma questão de bom-senso. “A religião do colaborador só importa se houver graves inconvenientes para a condução dos negócios. Se a produtividade do profissional estiver gerando lucros e a religião dele não causar nenhum constrangimento ou problema, então não há nenhuma importância. A liberdade de credo está assegurada pela legislação brasileira, mas não deve ultrapassar os limites”, ressalta.

Atualmente, as empresas estão mais flexíveis com relação às religiões, mas os profissionais que possuem religiões diferentes costumam encontrar resistência por parte de patrões e colegas de trabalho. “É muito fácil encontrar empresas que se adaptaram aos horários de trabalho dos adventistas e judeus ortodoxos, ambos guardadores dos sábados. Então, por que não se adaptar também a outras religiões? Essas pessoas, quando empregados respeitados, acabam se tornando funcionários muito fiéis, pois foram tratados com respeito e sem discriminação”, observa.

A psicóloga destaca que, assim como as empresas devem se adaptar e respeitar a religião de todos os funcionários, os profissionais também devem respeitar a empresa e seus colegas de trabalho em diferentes situações. “Ao iniciar em uma empresa, por exemplo, é interessante sempre haver uma conversa franca com o chefe em relação a horários de trabalho, dias considerados feriados em sua religião, vestimentas e outros costumes religiosos que podem intervir de alguma maneira no trabalho”, orienta.

Sobre o uso de símbolos ou frases religiosas no escritório, Ercole destaca que é aceitável, desde que os que estão ao redor não sejam distraídos por eles ou os considerem ofensivos. “No caso de receber clientes no escritório, o profissional deve ter em mente que esse é um lugar para realizar negócios e por isso ele deve ter todos os cuidados para não dar a impressão de que está impondo suas opiniões e crenças aos outros. Manifestar a religião pode ser importante para determinadas pessoas, mas isso deve ser feito em momentos oportunos”, acrescenta.

Uma atitude que qualquer pessoa deve evitar é pressionar os outros para mudar de religião ou ficar forçando a barra, como colocar textos religiosos em quadro de avisos, atitude que pode gerar conflitos e muita confusão. “Se a religião exigir que seus seguidores usem véu ou qualquer outra vestimenta, é necessário conversar com os superiores antes de qualquer coisa. Há espaço para discussão, mas em alguns casos o que for considerado excesso pode ser negado”, observa.

O equilíbrio deve estar sempre presente e a liberdade de escolha é uma premissa de qualquer religião. Ninguém pode ser obrigado a seguir algo em que não acredita ou simplesmente do qual não quer fazer parte. “Se não devemos ter preconceito com relação à raça de cada ser humano, também se deve aceitar e respeitar a religião de cada um, desde que não interfira nas relações de trabalho e não cause constrangimentos”, finaliza Ercole.

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